domingo, 30 de setembro de 2012

A Viagem

Tudo começou na nossa "Casinha Amarela" (Junta Central) em Lisboa, onde a nossa "Papa-Léguas" (carrinha) estava. Às 14h do dia 28 o Bento e o Bernardo partiram da "Casinha Amarela" em direcção a Vila Facaia, para ir buscar o Zé. Neste momento começava o verdadeiro serviço de táxi durante esta viagem, pois iríamos buscar o resto dos participantes ao Porto, Braga e a Fraião. 

Após apanharmos o Zé em Vila Facaia, fizemos mais 250 km até ao Porto onde apanhámos a Clara e o Tomás. O trânsito neste momento no Porto era crítico, e ainda faltava ir a Famalicão buscar as T-shirts oficiais da PWP, ir a Braga à casa da Joana apanhá-la e carregar a comida. Por fim ir jantar e buscar o resto dos elementos ao Campo-Escola em Fraião onde fomos comer a típica "Sopa de Fraião". Por volta das 20h:30m lá estávamos nós Fraião, prontos para "abastecer" o estômago para a longa viagem que vinha pela frente .
Antes de a sopa ser servida, vimos uma pequena apresentação sobre a história do Campo-Escola que comemora 50 anos, e ouvimos histórias passadas naquele local por diferentes pessoas. Deu para  perceber que o Campo-Escola tem uma presença riquíssima e importante na história do CNE.   
  
No fim da nossa refeição, carregámos o resto das mochilas na "Papa-Léguas" e finalmente fizemos nos à estrada com destino final Kandersteg, Suiça. O início da viagem, serviu para conhecermos-nos informalmente uns aos outros. Por volta das 2h da manhã, já começava a haver os primeiros dorminhocos de viagem, encabeçados pelo Zé "O rei das Sestas". 
O Bento já ia a conduzir a algumas horas, quando em Espanha, fizemos a primeira paragem para fazer um grande abastecimento de gasóleo. Paragem essa que deu para o habitual esticar de pernas, onde os novatos nestas grandes viagens de carro, já começavam a perceber o quão desafiante é fazer 2300 Km de carro.





Após esta paragem, passou para o volante a "Tapa-Buracos" Joana, que teve como co-pilotos a Clara e o Bernardo. A regra dizia que os co-pilotos não poderiam adormecer, e teriam a função de despertar o condutor e auxiliar o mesmo. Como é óbvio esta regra nem sempre foi cumprida,  e grande parte do tempo em que a Joana ia a conduzir, a Clara dormiu e o Bernardo esforçou-se e muito para ser o único além do condutor a manter-se acordado. Admito que bem me apeteceu fechar os olhos.

Duas horas de viagem e necessitámos de parar novamente, para ir à casa-de-banho e porque a estas horas o corpo-humano quer dormir e não conduzir e por isso a troca de condutor era fundamental. Eram 5h da manhã e estávamos parados em plena Espanha. Após a paragem foi para o volante a Diva e os co-pilotos mantiveram-se.
A Papa-Léguas estava a comportar-se lindamente, sempre dentro dos limites da velocidade. O tempo, esse estava péssimo, e à Diva calhou a fava de conduzir sobre chuva intensa.
Os quilómetros iam passando, e pelo meio ia havendo as habituais peripécias dentro e fora da carrinha com ciclistas à mistura. Não se assustem pois não atropelámos nenhum ciclista, mas tivemos um episódio engraçado com um ao pé de uma área de serviço.
A Diva fez da Papa-Léguas um comboio intra-continental e ao volante da mesma percorreu 500 Km passando os Pirenéus.  Foi uma verdadeira maratona ao volante com fim a meio de França, onde parámos para comermos alguma coisa pois já era hora de almoçar. O Zé esqueceu-se de comer.

Ao volante voltou a Joana "Tapa Buracos" para fazer mais uns 200 Km em direcção a Lyon.
Ao fim de duas horas lá parámos novamente numa área de serviço, para tirar as dormências dos nossos corpos devido às posições estáticas durante a viagem.




Para o comando da Papa-Léguas iria agora um estreante. O Zé, já recuperado do sono e pronto a fazer alguns quilómetros rumo a Kandersteg.
Em França aproveitámos para conhecer as rádios francesas, e claro que foi o rir. A música francesa é comédia a entrar nos ouvidos, mas lá acabámos por encontrar algumas que passavam músicas em Inglês.
Ao pé de St. Étienne e de Lyon apanhámos algum trânsito. O que piorou as nossas estimativas de chegada a Kandersteg. Supostamente a hora de chegada era às 18h, mas a estimativa já ia nas 22h.
Antes de chegarmos à fronteira, parámos a última vez em França, para encher o depósito de combustível, comer e trocar de condutor.

Para a última etapa, faltando uns meros 350 Km, voltou ao volante o Bento.
Estávamos próximos da fronteira com a Suiça, e foi num instante até lá. Chegados à fronteira com a Suiça, tínhamos que passar o posto fronteiriço, e comprar a vinheta para andar nas auto-estradas. A comédia voltou e em força neste processo.
O Bento lá enfiou a Papa-Léguas para dentro do posto fronteiriço, e na sua simpatia de falar a língua local dirigiu-se em francês para o guarda suíço que nos mandou parar. A frase do Bento foi "Où je peux acheter la vignette?", à qual o guarda suíço respondeu, falando muito rápido. Como era de prever o Bento, nem os seus co-pilotos Bernardo e Tomás perceberam o francês do guarda e ficámos com uma cara de espanto e com vontade enorme de rir. A nossa sorte foi ter a Joana que falava fluentemente francês e lá percebeu que o guarda perguntou se tínhamos vinho do porto ao carne dentro da carrinha. A nossa resposta foi diplomática dizendo que não tínhamos. No fim disto tudo lá conseguimos a nossa vinheta. 

A seguir a este maravilhoso episódio foi seguir para Kandersteg a ritmo de entusiasmo, pois afinal Kandersteg estava já ali para quem vêm de Portugal e já tem 2000 Km no "bucho". Esses quilómetros até Kandersteg foram feitos por dentro de túneis e estradas com paisagens maravilhosas. Aproveitando para perceber que o cumprimento de regras por parte dos suíços é exemplar, começando com os limites de velocidade. 
A 20 Km de Kandersteg foi uma pena ser de noite, pois a paisagem dos Alpes é lindíssima e a estrada até até lá é prova viva disso. Acabados esses 20 Km, chegámos finalmente às 22h:50m ao nosso destino final, e apesar de ser noite, os que estão em Kandersteg pela primeira vez ficaram logo entusiasmados com as com a paisagem e as instalações do centro. 

Acabo este texto dizendo jantámos, tomámos banho e dormimos já em pleno KISC. Que maravilha.







Prelúdio


A Portuguese Work Party começou muito antes da saída de Lisboa na carrinha. Começou no dia em que escuteiros de todo o país viram publicitada a actividade, se candidataram e se formou esta equipa de nove pessoas que ontem chegou a Kandersteg.

Somos a Joana, o Bento, a Clara, o Zé, o Bernardo, a Diva, a Nádia, o Tomás e o Luís. Uns já vieram ao KISC mais de uma vez, outros saíram pela primeira vez da Península Ibérica. Ao longo da semana vão ficar a conhecer-nos. Melhor do que isso, vão acompanhar a nossa descoberta, o nosso trabalho e as nossas aventuras num centro escutista de sonho, no meio dos Alpes.

Esta é a primeira edição da Portuguese Work Party. As work parties são uma tradição já muito antiga do KISC, e são essencialmente campos de trabalho que permitem a um grupo de escuteiros contribuírem para e conhecerem o centro e os seus arredores durante um curto período de tempo. 

E quem sabe se para o ano não és tu?