"Montanhas, nunca seriam vencidas senão pelo mais sinuoso dos caminhos"
Este foi, de facto, o dia que começou mais cedo. Passava das cinco da manhã, quando alguns já preparavam os pequenos e "grandes" almoços, enquanto outros se empenhavam em deixar o quarto superior do Ueschinenhutte melhor do que o tinham encontrado. E a Lua ainda brilhava.
Entretanto, o azul celeste das montanhas e o vento cortante e gelado iam denunciando um Sol ainda por nascer, mas não tardámos em pôr pés ao caminho e deixar o abrigo para trás. Mal sabíamos o que nos esperava!
Ainda por entre algumas casas, fomos descobrindo o trilho assinalado por pinturas rudimentares de cores vermelha e branca, em pequenos postes ou rochas.
Enquanto caminhávamos, a luz ia se intensificando e os cumes iam perdendo altura e ganhando lustre. A paisagem, quanto mais distante se fazia parecer, mais merecedora de contemplação se tornava, dificultando, assim, a tarefa de mantermos os olhos no caminho e evitar algum percalço.
Na verdade, a cada metro que ganhávamos às nuvens - muito ténues, diga-se - perdia-se um palmo de vegetação e, deste modo, também o trilho se ia desvanecendo até nos guiarmos apenas por principais pontos de referência - as riscas vermelhas e brancas - e por raras placas amarelas que nos apontavam várias direcções.
Parámos no cimo de uma última colina verde, para recuperar forças e tirar algumas das fotografias, antes de partir para a crista da primeira grande elevação.
Apesar de termos subido tanto, deu para perceber que aquele lugar não era tão remoto como daria a entender. Poderia não haver flora, mas havia fauna que até parecia dar-se bastante bem com aquelas alturas. Em particular, uma espécie local, que a partir daí foi fazendo companhia à comitiva portuguesa.
Tivemos também a oportunidade de assistir, em primeira mão, - (arrisco-me a dizer) - ao imbatível recorde do beijo mais alto da Suiça daquela manhã! No qual os principais protagonistas, Bento e Clara, se saíram - devo dizer - bastante bem! Prova viva da amizade que só é possível construir-se numa PWP!
Subitamente, quando se pensava que tínhamos tudo para continuar a subir e chegar ao topo,... descemos no sentido Schwarenbach, para depois voltar para Kandersteg. O calor surpreendente que se fazia sentir no cimo das montanhas, não nos permitiu alcançar o nível da neve. Ainda era cedo para ver todos os cumes de manto branco.
Depois de atravessar o segundo vale, parámos para almoçar, junto a uma grande encosta, com vestígios de actividades semelhantes à escalada.
Depois de atravessar o segundo vale, parámos para almoçar, junto a uma grande encosta, com vestígios de actividades semelhantes à escalada.
A partir daqui, a maior dificuldade foi manter os joelhos em forma e descer até ao Berghotel Schwarenbach, onde tudo se tornaria mais fácil e civilizado. Lá parámos e descansámos na esplanada, pois a próxima paragem seria o KISC.
Então, pelo mais plano dos vales, passámos por muitas famílias que tiravam o seu fim-de-semana para fazer as suas caminhadas e fomos ao encontro do KISC, roídos de inveja de quem descia pelo teleférico até à vila de Kandersteg. Contudo, o prazer de lá chegar pelos próprios pés enchia-nos muito mais.
- "Vamos, rápido! Ainda somos capazes de apanhar o Coffee Break!" - alguém dizia a brincar. Eram sensivelmente 16h30min - hora da pausa nos dias de trabalho -, pouco antes de passarmos a estação do teleférico.
Descemos, portanto, a última encosta, verdadeiro teste à resistência dos nossos queridos joelhos, maravilhados com a vista que se tinha da vila. Não dava para acreditar que momentos depois, estaríamos lá. - - -- "Olha! Daqui já se vê o Kander Lodge!" Parecia que estávamos dentro de um postal gigante!
E finalmente, com a tarde já a chegar ao fim, perto da hora do jantar, voltámos ao KISC, cansados mas com o coração cheio de óptimas recordações, pronto para partilhá-las.
Mas o dia não ficou por aqui, porque, depois do jantar, ainda houve tempo para o jogo de futebol entre Pinkies&PWP Vs Boyscouts of America (às centenas), conversas com norueguesas (o Ministro que o diga) e muitas expectativas em relação ao dia seguinte, o último dia no KISC.