terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dia 6 - A Caminhada dos Três Vales



"Montanhas, nunca seriam vencidas senão pelo mais sinuoso dos caminhos"




Este foi, de facto, o dia que começou mais cedo. Passava das cinco da manhã, quando alguns já preparavam os pequenos e "grandes" almoços, enquanto outros se empenhavam em deixar o quarto superior do Ueschinenhutte melhor do que o tinham encontrado. E a Lua ainda brilhava. 

Entretanto, o azul celeste das montanhas e o vento cortante e gelado iam denunciando um Sol ainda por nascer, mas não tardámos em pôr pés ao caminho e deixar o abrigo para trás. Mal sabíamos o que nos esperava!




Ainda por entre algumas casas, fomos descobrindo o trilho assinalado por pinturas rudimentares de cores vermelha e branca, em pequenos postes ou rochas.

Enquanto caminhávamos, a luz ia se intensificando e os cumes iam perdendo altura e ganhando lustre. A paisagem, quanto mais distante se fazia parecer, mais merecedora de contemplação se tornava, dificultando, assim, a tarefa de mantermos os olhos no caminho e evitar algum percalço.




Na verdade, a cada metro que ganhávamos às nuvens - muito ténues, diga-se - perdia-se um palmo de vegetação e, deste modo, também o trilho se ia desvanecendo até nos guiarmos apenas por principais pontos de referência - as riscas vermelhas e brancas - e por raras placas amarelas que nos apontavam várias direcções. 
Parámos no cimo de uma última colina verde, para recuperar forças e tirar algumas das fotografias, antes de partir para a crista da primeira grande elevação.




Apesar de termos subido tanto, deu para perceber que aquele lugar não era tão remoto como daria a entender. Poderia não haver flora, mas havia fauna que até parecia dar-se bastante bem com aquelas alturas. Em particular, uma espécie local, que a partir daí foi fazendo companhia à comitiva portuguesa.




Tivemos também a oportunidade de assistir, em primeira mão, - (arrisco-me a dizer) - ao imbatível recorde do beijo mais alto da Suiça daquela manhã! No qual os principais protagonistas, Bento e Clara, se saíram - devo dizer - bastante bem! Prova viva da amizade que só é possível construir-se numa PWP!






Subitamente, quando se pensava que tínhamos tudo para continuar a subir e chegar ao topo,... descemos no sentido Schwarenbach, para depois voltar para Kandersteg. O calor surpreendente que se fazia sentir no cimo das montanhas, não nos permitiu alcançar o nível da neve. Ainda era cedo para ver todos os cumes de manto branco.

Depois de atravessar o segundo vale, parámos para almoçar, junto a uma grande encosta, com vestígios de actividades semelhantes à escalada. 
























A partir daqui, a maior dificuldade foi manter os joelhos em forma e descer até ao Berghotel Schwarenbach, onde  tudo se tornaria mais fácil e civilizado. Lá parámos e descansámos na esplanada, pois a próxima paragem seria o KISC.



Então, pelo mais plano dos vales, passámos por muitas famílias que tiravam o seu fim-de-semana para fazer as suas caminhadas e fomos ao encontro do KISC, roídos de inveja de quem descia pelo teleférico até à vila de Kandersteg. Contudo, o prazer de lá chegar pelos próprios pés enchia-nos muito mais.

"Vamos, rápido! Ainda somos capazes de apanhar o Coffee Break!" - alguém dizia a brincar. Eram sensivelmente 16h30min - hora da pausa nos dias de trabalho -, pouco antes de passarmos a estação do teleférico.



Descemos, portanto, a última encosta, verdadeiro teste à resistência dos nossos queridos joelhos, maravilhados com a vista que se tinha da vila. Não dava para acreditar que momentos depois, estaríamos lá. - - -- "Olha! Daqui já se vê o Kander Lodge!" Parecia que estávamos dentro de um postal gigante!




E finalmente, com a tarde já a chegar ao fim, perto da hora do jantar, voltámos ao KISC, cansados mas com o coração cheio de óptimas recordações, pronto para partilhá-las.




Mas o dia não ficou por aqui, porque, depois do jantar, ainda houve tempo para o jogo de futebol entre Pinkies&PWP Vs Boyscouts of America (às centenas), conversas com norueguesas (o Ministro que o diga) e muitas expectativas em relação ao dia seguinte, o último dia no KISC.




quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dia 5 - A dorminda no Ueschinenhutte

O dia começou bem cedinho ao som do famoso despertador do Bento, olhando pela janela as paisagens eram fantásticas!

Mais uma vez a equipa PWP dividiu-se em dois grupos, o Zé, o Bernardo, a Diva e a Clara dedicaram-se à lenha...enquanto o Bento, a Joana, o Luís, o Tomás e Nadia trataram de abrigar as mesas que se encontravam espalhadas pela zona do Campsite e pela zona do Chalet, o inverno está para chegar.


Este empilhar de mesas faz lembrar um jogo de Tetris...todos os espacinhos ocupandos!!!! Acho que na primavera os pinkies vão ter que se socorrer desta maravilhosa equipa para as retirar de lá :)
Este grupo de trabalho é fantástico, não haviam tarefa que não se realiza-se, o staff estava contente com o nosso trabalho, de tal maneira que neste dia o Sam nos confiou a Leena!



A manhã passou num ápice... esperava-nos mais uma vez um almoço surpresa como sempre ! Os pinkies parecem autênticos aspiradores de comida, comem num instante e...pumba...desaparecem!! Nós aproveitamos a hora da refeição para preparar a dormida no abrigo e a caminhada do dia seguinte.

A tarde de trabalho logo chegou, continuamos as tarefas da manha, acabando por se juntarem os dois grupos a arrumar lenha.E assim terminou a parte Work desta PWP com a satisfação de dever cumprido...e reconhecimento do staff do Kisc.

O dia ainda era uma criança, desta vez o jantar foi mesmo portugues , caldinho verde,um arrozinho com pataniscas, bolinhos de bacalhau e bifanas.No final preparamos as nossas mochilas e partimos para o Ueschinenhutte, a noite apresentava-se fria,com o céu encoberto, que nos obrigou a usar agasalhos e lanterna para lá chegar.



Chegados ao abrigo,tratamos de fazer uma fogueira no alpendre. A fogueira ganhava vida ao mesmo tempo que as nuvens desapareciam do céu, a lua aparecia por entre os picos dos Alpes para nos fazer companhia e adivinhava-se bom tempo para o dia seguinte.



Ao redor da fogueira o chá era maravilhoso,contamos aventuras, cantamos e mais uma vez o Tomás surpreendeu-nos com os seus dotes musicais! Sabiamos que o despertador ia tocar às 5h00 para arrancar para a caminhada...mas a noite estava fantástica.

E,assim terminou mais um dia fantástico da PWP.













quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Dia 3 - Jogos Portugueses

Pois bem, o dia 3 não apresentou grandes diferenças do dia 2 a nível do trabalho de campo, apenas trocamos de serviço mas continuamos com o mesmo grupo querido do dia anterior! A grande motivação foi que pela primeira vez pudemos ver as montanhas que escondidas nos rodeavam desde a nossa chegada ao KISC. Tivemos um bom dia para trabalhar e finalmente demos um justo uso  às t-shirts, ou não fossemos dos poucos malucos que por lá andavam de calções e t-shirt!


Dentro dos cumpridores horários de refeições que tínhamos de seguir para não ficar sem comida ou até mesmo sem prato, o jantar desta noite foi muito especial para certos elementos da PWP, uns porque recordaram velhas tradições, outros pela novidade e outros pela descoberta de novos sentimentos.

O especial jantar (que durou um pouco mais do que os habituais 15 minutos dos pinkies) foi um fondue de queijo que foi agradavelmente distribuído na sala de refeições em mesas de 4 pessoas, com direito a velas, luzes semi-apagadas e garrafinha de vinho branco.


O jantar consistia assim numa especie de jogo em que cada um tinha o seu garfinho e bocadinhos de pão e depois tinha de molhar no queijo, em forma de 8 (para não deixar queimar o queijo) e tentar não deixar cair ou evitar que outra pessoa da mesa lhe tirasse o pão já coberto de queijo do garfo.




As regras também existiam e ao 1º pedacinho deixado cair teria que se dar um beijinho a pessoa pela qual se teve um fraquinho toda a semana. Ao 2º pedacinho seria a pessoa ao lado direito a escolher a quem o beijo seria dado, ao 3º a pessoa em frente escolhia, ao 4º dava um beijo à mesa toda e no caso de deixar cair o garfo teria que dar um beijo a todas as pessoas na sala.

Inicialmente estavam todos muito concentrados em não deixar cair nenhum pedacinho, até que com um andar e expressão galante se vê o Bento a passar em direção à sua paixoneta da semana (rufos)...... TOMÁS! Quem mais poderia ser?Afinal não há preferidos, há o Tomás hehehe



Mas não nos deixemos iludir, apesar de se pensar que este seria o melhor beijinho da noite, a agitação do kiss kiss instalou-se na mesa da Joana, onde lá estavam também o Bernardo, o Zé e o Andry (Pinkie). O Bernardo sempre com o seu jeito catita lá conseguiu receber umas boas duzias de beijos e distribuir umas outras tantas. Ainda por cima aumentou regras ao jogo quando começou a receber bilhetes com corações!!!! 





Por volta das 20.00h/20.30h demos então inicio aos jogos: PWP vs Pinkies, e ordem dos jogos foi o indispensável jogo do lenço, saltar à corda, andar todos juntos com as pernas atadas uns aos outros, fazer um estendal de roupa e ao senhor doutor.




                                                       


Podemos já adiantar que começamos por perder o primeiro jogo, o jogo das nossas infâncias foi ganho pelos adversários, é verdade. Mas é também de frisar que estávamos a jogar contra loucos que se atiravam para cima das pessoas, que caiam e rebolavam em cambalhota, basicamente era o Rugby do lenço e não o jogo do lenço. 
Ganharam também o jogo do estendal da roupa, que consistia em passar uma corda por dentro de uma peça de roupa vestida e a mesma corda para toda a equipa, depois tirar essa peça de roupa e ganhava a equipa que primeiro conseguisse ter um "estendal da roupa" feito. 
Os outros três jogos fomos nós que ganhamos, perdendo assim algumas batalhas mas ganhando a guerra.

No fim dos jogos, fomos até à nossa pequena cozinha amarela dar um cheirinho dos nossos petiscos aos pinkies que participaram nos jogos: tremoços e cerveja e aí fizemos ainda pequenos jogos ensinados por eles, outros por nós e com muita conversa e gargalhadas à mistura.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dia 2 - Serviço


Finalmente chegou a parte do “work” ao KISC. 

Os portugueses chegaram para ajudar a manter um melhor e maior centro escutista. Os elementos da PWP foram divididos em dois grupos e fizeram alternadamente duas tarefas. Com o apoio de alguns pinkies estivemos a cortar troncos de árvores caídas, resultado de uma grande tempestade na primavera.  Os ventos alcançavam 200km/h e caíram cerca de 300 árvores. O KISC é um centro relativamente desenvolvido, pelo que, possui maquinaria apropriada para que o corte dos troncos seja eficaz e rápido. 


Depois de cortados era necessário a perícia de um verdadeiro escuteiro para empilhar todos os bocados de madeira para posteriormente serem usados no aquecimento do centro. Um dos outros trabalhos que efetuamos foi alisar terrenos que sofreram efeitos da tempestade primaveril. Nivelamos os terrenos para poderem, para a semana, receber as sementes de relva. 


Trabalhamos das 8h00 às 12h00 e das 14h00 às 18h00 com um pequeno intervalo de 15 minutos para um coffe break. Nestes pequenos intervalos convivemos com os Pinkies, sabemos de onde vêm e que histórias têm para contar. Temos também oportunidade de comer uma peça de fruta, um café ou um leite.   
Em todas as tarefas efetuadas no exterior cada equipa possui uma caixa de primeiros socorros. Os Pinkies são bastante cuidadosos em termos de segurança indicando-nos todos os procedimentos a ter.
Assim como B.P. nos ensinou, tentamos ao máximo deixar o mundo um pouco melhor do que o encontramos, é isso que tentamos fazer em cada minuto do nosso trabalho fazendo deste uma alegria pois estamos a tornar o KISC um pouco melhor.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Dia 1 - Dia livre


O primeiro acordar não terá sido o mais fácil, o despertador assustador do telemóvel do Bento meteu o pessoal todo em alvoroço. Ainda bem! Foi a oportunidade ideal para correr até à janela e ver as montanhas que rodeiam o KISC... 
... mas onde estavam elas?! Não se via nada!
Um nevoeiro intenso desceu sobre todo o vale e impossibilitou ver algo com qualquer elevação! E com isto, os planos de fazer a via ferrata foram por água abaixo...
...Plano B: visitar os dois lagos que se situam perto da vila!
Começamos por Blausee, um paraíso local para pic-nics e passeios de Domingo. Um pequeno lago com água tão clara e azul só possível de observar num cenário alpino. 


Havia lá ainda um viveiro de trutas e cabras que se deliciaram com uma bela refeição de relva que se ia colhendo no local.

Terminada a visita, partimos para o último e grandioso lago de Oeschinensee! Estacionamos o carro junto ao teleférico e como achamos que o teleférico não era desafio suficiente para nós, fomos a pé num hike de cerca de 2 Km com subidas extremamente acentuadas. 
Foi uma longa subida onde, aproveitando os bancos ao longo do caminho, apreciámos a imponência da paisagem que nos rodeava num nevoeiro cerrado que não fez o favor de desvanecer e fez nos puxar pela cabeça e imaginar o poderia estar atrás na neblina. Tememos o pior, que chegado ao topo não iríamos ver nada... e acabou por acontecer. Uma longa e dura jornada até ao topo para depois não se avistar a beleza do local: foi inglório! 



Fomos então restabelecer forças ao café local e como o frio apertava lá fora, um cházinho e chocolate quente foi o suficiente para nos aquecer entre conversas. 



Regressados ao Centro aproveitamos para estar à conversa, rir e nos conhecermos. Descobrimos o grande pianista Tomás que nos deliciou com as suas belas melodias no piano. O cansaço da viagem ainda apertava e foi tempo de ir dormir. Uma grande dia nos esperava: o primeiro dia de serviço :)