quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Felicidade é… realizar sonhos!


Por volta das 7 horas da manhã, a claridade do Sol, que ainda se escondia por de trás dos Alpes Suíços, entrava pelas janelas do quarto “Boy Scouts of America” do mais antigo Chalet do KISC convidando-nos para abraçar o primeiro dia dedicado ao serviço do campo. Se nesta altura já estávamos completamente rendidos às paisagens e à magia do KISC, a expectativa de virmos a trabalhar com os Pinkies e podermos deixar a nossa pegada no centro escutista mais aclamado a nível mundial só nos deixava mais animados e prontos para servir – não sem antes encher o estômago, porque um português a trabalhar de barriga vazia não inspira confiança.

Pouco faltava para as 8h15, o horário estipulado para o início dos trabalhos. Um dos Pinkies, o Paul, dá-nos os bons dias e convida-nos a dar uma volta rápida pelo centro aproveitando para apresentar os locais onde o serviço daquele dia seria feito. Juntaram-se a nós o Adam, a Maya e a Hana, pinkies que iam auxiliar-nos nos nossos serviços nesse dia. Parámos no Werkhof para nos dividirmos em grupos de trabalho: um grupo foi com o Paul e a Maya limpar fossas, outro ficou no Werkhof com o Adam a empilhar e arrumar mesas e o último foi com a Hana transportar e limpar tendas militares. A meio da manhã, fizemos o nosso coffee break aproveitando para trocar impressões dos trabalhos, no Uncle Sam, na companhia do pão com doce, do “red stuff” do café e do cheirinho a fossa. Restaurados, retomamos o trabalho! O grupo da Hana terminara mais cedo o seu trabalho sendo convocado para auxiliar o grupo das fossas.

Chegada a hora de almoço, a entrada dos trabalhadores no refeitório fez-se com um pequeno atraso derivado na extensão dos trabalhos – estávamos desculpados… afinal a culpa foi da vontade de não deixar o trabalho a meio. A mesa enche-se: o prato com massa acompanhada de molho de tomate, o copo com Yellow ou Red Stuff (ou água) e o ar com o aroma a fossa. Não foi assim tão mau, pelo menos imaginam o teor das conversas e das piadas… 

Às 14h30, fomos de encontro ao Paul que nos parabeniza pelo trabalho que foi elaborado mais rápido que ele estava a prever. Seguiu-se então novas indicações e novos grupos de trabalho distribuídos pelos Pinkies: Paul, Maya e Adam cujos trabalhos foram respetivamente reparar vedações, pinturas de bancos do KISC e retirar a mobília do Kander Lodge. Na hora do lanche (16h), o Paul avisava as equipas para se encontrarem na margem do rio Kander. A comida, o sol e o som do rio azul a correr ao nosso lado rapidamente repôs as nossas energias. Terminámos os trabalhos perto das 17h30, o que permitiu visitar os locais mais emblemáticos do KISC que ainda não conhecíamos aliado às explicações e orientações do Paul. Posto isto, jantámos às 18h00.

Chegada a noite, era tempo de realizar a nossa dinâmica noturna: “Qual é o teu Norte?”. 
Repensando o que nos faz feliz, qual o teu objetivo, qual o teu maior sonho, numa primeira fase, pensamos a pares: partilhamos ambições com uma pessoa que pouco conhecíamos. Posteriormente dirigimo-nos à sala “International Friendship” de modo a expormos ao grupo aquilo que anteriormente foi repensado e foi partilhado a pares. Posto isto, o dia chega ao fim complementado com umas colheradas de Terra no nosso frasquinho conforme a avaliação individual que cada um fez ao dia. Felicidade é realizar sonhos e para nós a PWP’4 foi a materialização de um sonho.

Felicidade é conhecermo-nos por dentro


Ainda a noite estava a pairar quando se deu a alvorada, eram 5h00 da manhã, acordámos, ainda cansados da viagem, mas com vontade de começar a nossa busca pela felicidade. Para isto, recebemos mais uma "peça" do nosso Felicidário, um coração. Ao longo do dia o desafio era escrevermos características que nos identificassem, algo nada fácil quando se trata de olharmos e refletirmos acerca de nós mesmos. 

Depois de sabermos a dinâmica do dia partimos para a aventura de procurar a felicidade, neste caso, procurámos no lago Oeschinensee, pelas 8h00 já tínhamos chegado, mas um grande nevoeiro sobrevoava o lago, houve desde logo alguma apreensão, pois assim não iríamos ver a verdadeira beleza do local. Podíamos ter desistido mas não, continuamos a procurar a "marota" e a nossa persistência deu frutos, aos poucos uma paisagem inexplicável foi aparecendo à medida que o nevoeiro subia. Era a felicidade a sorrir para nós! 

Os sorrisos estampados nos rostos de cada um foi algo indescritível, algo difícil de caracterizar, tudo o que sentimos no momento foi mágico. Estar ali, ver o sol realçar a neve das montanhas e mesmo ao lado uma água azul cristalina, um verdadeiro cenário de felicidade. 

Depois da felicidade na natureza viemos para o KISC, era a noite dos jogos com os Pinkies, houve desde logo grandes ligações, as diferentes culturas não foram obstáculo, mas sim fontes de enriquecimento e partilha de alegria. No final tivemos o nosso momento de reflexão, partilhamos ideias e felicidade. Fizemos a avaliação da felicidade que sentimos ao longo do dia colocando colheres de terra no nosso frasco individual. 

O primeiro dia terminava assim com bastante alegria e curiosidade acerca do dia seguinte mas sobretudo com vontade de dar mais de nós e continuar a nossa busca pela verdadeira felicidade.

Hoje, vamos finalmente começar a nossa viagem em busca da marota! Ela bem que anda escondida, mas faremos de tudo para a encontrar (calma aí, a marota é só a felicidade). 

As primeiras participantes a iniciar a viagem foram a Mafalda e a Elizabeth, que desde Lisboa, apanharam o comboio até à cidade do Porto. Pelo caminho juntaram-se a Andreia, o Miguel e o Pyetra na estação do Entroncamento, e em seguida, em Pombal, encontrámos a Sílvia e o Filipe armados em caracóis com a casa às costas. Ao chegar a Campanhã tínhamos o Carlos e o Ricardo à nossa espera, e tivemos ainda a ajuda de duas alminhas caridosas (amigas do Filipe) que transportaram de carro toda a nossa bagagem até à praça Velasquez. Lá estavam a Diva, a Susana, a Adriana, o Marco e o Luís e tínhamos assim catorze aventureiros prontos para a grande 4ª edição da Portuguese Work Party. (Falta um misterioso na história mas ele já aparece). 

Na hora de almoço, como não poderia deixar de ser, lá reclamou o Pyetra que McDonalds estava fora de hipóteses e foi tudo comer à moda do Porto (menos os poupadinhos que levaram farnel). Às 14h30 esperava-nos o transporte para a Suíça. Carregámos as mochilas para o atrelado, escolhemos os lugares e seguimos viagem na nossa bela carrinha de Turismo VIP, acompanhados de uns motoristas épicos. Já perto da fronteira espanhola, o nosso querido motorista lembrou-se que faltava a “via verde azul” (necessária na França), e foi nesse momento que fizemos a primeira paragem. 

Aproveitámos então para quebrar o gelo (apesar do calor) e ficar a conhecer um bocadinho mais de cada um. Agora sim, tudo a postos, fomos cumprir o nosso objetivo: encontrar a marota da felicidade! A bússola indicava para a Suíça, portanto já tínhamos o destino traçado. Catorze escuteiros (calma, o décimo quinto já aparece), a maioria sem nunca se ter cruzado, estavam neste momento a caminho da maior aventura das suas vidas, não as 24h de autocarro, mas sim a grande PWP! Durante todas essas horas muitas foram as dinâmicas feitas, a mais marcante sem dúvida que foi o speed dating. A partir desse momento já sabíamos quais eram os cozinheiros, os arquitetos, os que gostavam de sushi, os que preferiam lavar loiça ou comida italiana e os que roíam as unhas. 

Pouco a pouco fomos percebendo o papel de cada um neste grupo e que realmente, na PWP, nada acontece por acaso.

Ao logo de toda a viagem contámos com a playlist infindável do Filipe, de pimba a música escutista, do lamechas ao rock, ouviu-se de tudo daquela guitarra. Por outro lado, tínhamos sempre os motoristas que volta e meia lá diziam uma piada para animar os "lobinhos". Muitas foram as paragens feitas ao longo da noite e poucos foram os que resistiram a não dormir de boca aberta um bocadinho. A Elizabeth levou a taça do maior número de horas de sono.

Longas horas depois (diria que foram cerca de mil) chegámos à Suíça, todos muito ansiosos a pensar que Kandersteg seria já ali ao virar da esquina. Na fronteira tivemos mais sorte que juízo até porque ninguém tinha enchidos, nem presuntos, nem bebidas típicas (cof cof cof). 

Lá fomos então encontrar finalmente o nosso décimo quinto elemento! O Rúben esperava por nós no aeroporto de Genebra, e agora sim, a família estava completa! Após o almoço na estação de serviço seguimos viagem, e seis horas depois estaríamos finalmente a realizar um sonho. 

Pela primeira vez (da maioria) pisávamos o chão do KISC!
Finalmente, a primeira etapa já estava!

Já em cima da hora do jantar, conseguimos descarregar o nosso atrelado e desfrutar de uma bela refeição. Primeira lição: red stuff, yellow stuff.

De barriga e alma cheia fomos conhecer os cantos à casa que nos iria acolher nessa semana. O quarto que nos foi destinado foi o Boy Scouts of America Room. Após estarmos instalados chegou a hora de começar a viver a missão que nos levou até lá. Foi na magia da noite no campsite que recebemos então o nosso grande companheiro Felicidário. Nele tínhamos um cancioneiro (até porque "Felicidade é cantar"), espaço para escrever o que nos ia na alma e também textos e orações que recebíamos todos os dias.

Após 24h de viagem, muitas partilhas e de um primeiro contacto com o KISC, era hora do silêncio e de ir babar a almofada.